domingo, 28 de novembro de 2010

Ai ame cripingue

Em um dia do ano de 1979 estava em plena Presidente Vargas, pertinho da Igreja da Candelária, centro do Rio de Janeiro.Esperava o ônibus 422 (Grajau-Cosme Velho) para ir para casa .
De repente não mais que de repente senti uma pontada no pé da barriga, tão forte que olhei para ver se o 422 estava vindo.
 Nada.
Comecei a sentir as tripas moverem-se como se empurra pessoas para  entrar em um 422 lotado, como de praxe. Olhei novamente para ver se o ônibus apontava e só tive a noção exata que a coisa estava ficando incontrolável quando percebi que estava rezando uma Ave-Maria.
Mas não estava rezando para o ônibus chegar, sabia que não adiantaria mais, rezava para ser uma cólica renal, uma diverticulite ou algo menos constragedor.
Em uma situação destas a primeira coisa que fazemos é nos diagnosticar, mesmo não sendo médico. E após o conclusivo diagnóstico olhamos desesperados para todos os lados e avaliamos a situação.
 18:30h Avenida Presidente Vargas. Estava no canteiro central sentido subúrbio, seis pistas de um trânsito intenso em uma direção e mais seis para o outro lado.
-Raciocine, mantenha a calma, falava para mim mesmo.
Mas como manter a calma se estamos com uma carreta dentro da barriga apitando e dizendo que vai passar por cima de tudo?
Corri desesperadamente tentando atravessar e pedindo para os carros pararem; ninguém parou porque não sabiam o que eu estava sentindo, pensavam no máximo que eu havia quebrado um braço ou perdido um olho, pois estavam menores do que o de japoneses na hora do Banzai.
Prédio e mais prédios na minha frente, todos comerciais, fechados ou fechando àquela hora .
Perguntei ao primeiro porteiro que vi onde era o banheiro, e ele deu uma risadinha escrota acho que pelo meu sotaque nordestino e pelo suor que esboçava não só na minha testa mas em todo o corpo, um suor frio como deve ser o da morte, e respondeu:
-O banheiro é exclusivo dos condôminos e já está fechado.
Prédios tão largos, pensei enquanto corria para o próximo.
 Nesse momento em que o fim estava próximo, vislumbrei um fusca estacionado. Ainda bem que era o ano de 1979 e o pau que rolava era fusca, que no paralama dianteiro tem o pisca-pisca em forma de rolha. Sentei-me em cima do dito cujo para pelo menos ver qual seria meu próximo passo sem me cagar. E os passos tinham que ser curtos, sem abrir muito o compasso sob pena de me desfazer em merda.
Alívio momentâneo e a busca frenética por um banheiro, a essa altura banheiro se chama qualquer lugar que você possa se abaixar e tirar as calças sem ser visto por muitas pessoas, guerra é guerra.
O  “Ser” vinha apitando dentro da minha barriga como um trem, e pelo visto deveria ter pelo menos um metro e meio de puro arroz feijão e bife.
 Não, não poderia mais segurar, era muito mais forte que eu.
Tentei soltar um peido para ver se sobraria mais um espacinho para aquele monstro. Momento de concentração e pimba!
Era tarde demais, senti um tampão saindo e o resto veio atrás de forma pastosa e quente e consistente.
Calça Jeans azul, por que não usei a marrom hoje? O jeans é grosso.
Mas o que descia pelas minhas pernas era mais grosso, bem mais grosso.
Uma velhinha que estava a minha frente e observava todas as caretas, o suor no meu rosto os contorcionismos e os meus arrepios, saiu correndo pensando que eu estava recebendo um santo.
Estava completamente borrado, acho que até as meias estavam cheias de merda.
Retornei ao canteiro central da avenida e esperar o 422 todo cagado, mas esboçava um semblante supremo dos que sabem que a felicidade só é atingida na sua plenitude pelos que sabem o que é cagar.
Estava no ponto de ônibus e se a porra do Grajau-Cosme Velho demorasse mais 3 horas para chegar melhor.
E como tudo deve acontecer quando deve, o buzão chegou em 10 minutos .
-Mantenha a calma, você só está todo cagado, não olhe para trás (para a bunda), levante a cabeça e vá em frente (nessa hora pensei no Imperador japonês assinando a rendição da sua Pátria em um porta-aviões americano).
Depois de subir os degraus do 422 que era a parte mais difícil, fiquei em pé perto da roleta, e tinha dois assentos desocupados, mas permaneci impávido com minha mochila nas costas.
Na descida da rua Canavieiras perto do Grajau Country Club, desci 3 paradas antes da minha.
Não para secar a pasta que EU tinha produzido, afinal já estava no meu território e passava das 21 horas, desci para reflexionar sobre a arte de cagar.
Andei por 3 quarteirões pensando acerca disso.
Cheguei nesse dia a conclusão que melhor do que o advento do fogo, melhor do que a invenção da roda, foi descobrirmos que podemos cagar em paz, com privacidade e lendo alguma coisa.
Quando cheguei em casa fui direto para o banheiro, mas antes de tirar a roupa beijei o vaso sanitário!

sábado, 27 de novembro de 2010

Tu bi or noti


Sou um Homo Sapiens.
Reino: Metazoa
Filo:Chordata
Classe:Mammalia
Ordem:Primatas
Família:Hominidae
Genero:Homo
Espécie:Homo Sapiens
Não sou uma Mulier Sapiens.
Sou Homem, macho, predominante.
Pergunto a quantos queiram responder:
Quantas compositoras clássicas existem?
Quantas mulheres decidiram o destino da humanidade?
Quantas fizeram a diferença no mundo como se apresenta hoje?
Quantas defendem sua Pátria ou seu território e morrem por isso?
Quantas provêm sua família?
(Esqueça a leoa que caça, ela faz isso apenas quando tem filhotes para deixá-los protegidos pelo leão, pois só confia nele para proteger o seu maior bem)
Quantas “chef de cuisine” fazem sucesso?
São muitas as grandes estilistas?
No balé cite 3 nomes de mulheres conhecidas mundialmente, eu cito dezenas de homens.
Foi uma mulher que mudou o conceito da física?
Que definiu o universo como ele deve ser?
Jesus era mulher?
Buda era mulher?
E Alá ou Moisés?
Foi uma mulher que formulou a matemática moderna, a geometria, a trigonometria?
Quantas mulheres Faraós existiram?
São as fêmeas que têm gametas XX que decidem geneticamente se vão perpetuar a espécie?
 Parariam em Eva e sua cobra.
Do contrário por termos os gametas XY poderíamos ter nossos descendentes pelo menos por cissiparidade
Pilotos de fómula 1 são mulheres?
Quantas foram à lua?
Conquistadoras dos mares e terras desconhecidas?
Não conheço. Quantas têm o desejo de descobrir novos caminhos, novos horizontes?
Esse destemor ao desconhecido, sem medo de aventurar-se saindo de sua pasmaceira é típico das mulheres?
Bem, poderia passar horas falando sobre isso.
Mas prefiro fazer mais uma pergunta depois de tantas àos boquiabertos leitores:
Vocês acham que sou machista?
Não, não sou machista!
Apenas paro e penso como sempre foi o mundo, e como ele sempre será.
O universo não é machista, o movimento dos astros relatado por Kepler não é machista, a teoria gravitacional de Newton não é machista, a Flauta mágica de Mozart não é machista, muito menos a relatividade de Einstein.
O universo e nosso mundinho será como sempre foi não podemos lutar contra isso, mesmo que queiramos, senão estaremos indo contra tudo, e para quem já remou, remando contra a maré, eu só poderia ir na contra-mão de moto.
Aidontispique:.

Impar-par

Hoje tive um dia ímpar (odeio 1, 3, 5 , 7 ade infinitum, caralho não sei como coloca o oito deitado... então vou “latindum”)
Almocei como um “Paxá” bebi como um gambá, e com a conta paga pensei:
Que merda fiz?
Fiz merda nenhuma, falei de mim, de meus familiares mais próximos, falei da minha vida.
Tinha ouvintes atentos, um deles estava com muito sono, outro brincava com palitos de dentes, e eu falava, e falava, e falava, com a grande certeza de que estava quase sendo ouvido.
E estava mesmo, sendo ouvido como uma paca, uma serpente, um cão ou qualquer outro bicho que não fala, mas que pode ser ouvido por sua predestinação vocálica!
Vocalizar!
 Verbalizar principalmente!
Saga dos “Sapiens”, mas para quê?
Verbalizar algumas coisas tipo:
Foda-se!
Tome no cu!
Vá à merda!
Realmente não gosto de você!
Vou dar um murro na tua cara!
Cositas desse tipo.
Falei como um animal, racional até; falei das pessoas que amo, dos meus sonhos e das minhas realizações, do céu, das estrelas e de coisas que me fascinam nesse cenário construído pelo Grande Arquiteto da vida e da morte,  onde a racionalidade me deixa pensar e muito mais falar, falar e continuar falando, esperando ser ouvido, como uma paca, ou qualquer outro bicho que possa dar ao menos um grunhido, na esperança de ser ouvido.
Aidontispique:.